
Porto Velho, RO – O cenário político da capital rondoniense foi abalado pelo vazamento de áudios de uma reunião a portas fechadas que expôs os bastidores da negociação de um novo empréstimo de R$ 180 milhões solicitado pela Prefeitura de Porto Velho. As gravações, que vieram a público na última segunda-feira (14), revelam um intenso debate entre vereadores e o secretário-geral de Governo, Sérgio Paraguassu, e levantam sérias questões sobre as condições para a aprovação do projeto.
A reunião, que não constava na agenda oficial da Câmara Municipal, tinha como objetivo principal articular apoio para a aprovação do projeto de lei que autorizaria o Executivo a contratar o novo financiamento junto a instituições internacionais, com a União como fiadora. No entanto, o conteúdo dos áudios mostra que a discussão foi dominada por preocupações com o custo político da medida e pela exigência de contrapartidas diretas aos parlamentares.
Emendas impositivas como moeda de troca
O ponto central da tensão, segundo as gravações, é a garantia do pagamento integral das emendas impositivas, que somam cerca de R$ 21 milhões. Nos áudios, vereadores condicionam seu voto favorável à aprovação do empréstimo ao compromisso do Executivo de liberar esses recursos.
Em um dos trechos mais contundentes, o vereador Breno Mendes (Republicanos) afirma que a base aliada não abrirá mão dos 2% da receita corrente líquida destinados às emendas. "Nós não vamos abrir mão do 2%, queira o Executivo ou não. Se for para cortar contrato da MB (empresa de limpeza), nós vamos cortar. Nem que deixe de limpar menos a cidade para atender as emendas impositivas", declarou o parlamentar durante a reunião.
A vereadora Sofia Andrade (PL) também demonstrou grande preocupação com a repercussão popular. Em sua fala, ela questiona como a população pagará a conta do novo endividamento e reclama da pressão nas redes sociais. "Querendo ou não, vamos apanhar igual menino ruim. Os Instagrans de todos estão fervendo", disse ela, cobrando um tratamento "igualitário" na distribuição de recursos.
Reação e defesa
Após o vazamento, a vereadora Sofia Andrade reagiu, afirmando que os áudios foram editados e divulgados de forma "criminosa e sorrateira" para manchar sua imagem. Segundo a parlamentar, trechos em que ela cobrava a aplicação dos recursos em projetos específicos, como a construção de uma creche, foram propositalmente omitidos. Ela criticou a falta de transparência na divulgação do conteúdo completo e afirmou que o debate técnico sobre a aplicação dos recursos foi reduzido a um ataque político.Notícias relacionadas
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Contexto do novo empréstimo
Este é o segundo grande pedido de empréstimo da atual gestão do prefeito Léo Moraes. O primeiro, no valor de R$ 300 milhões, foi aprovado há seis meses com a justificativa de investimentos em educação, mas, segundo relatos, ainda não apresentou resultados concretos. A nova proposta de R$ 180 milhões lista intenções genéricas, como reformas de escolas e unidades de saúde, sem detalhar projetos executivos, o que gera desconfiança entre alguns parlamentares.O secretário Sérgio Paraguassu argumentou na reunião que, devido aos altos custos da máquina pública, o empréstimo representa a única margem disponível para novos investimentos na cidade. Mesmo com a eventual aprovação pela Câmara, o processo de liberação dos recursos pode levar até um ano, pois depende de aval de órgãos federais como o Tesouro Nacional.
O episódio gerou forte repercussão na cidade, e a expectativa é que o caso continue a ser debatido intensamente na Câmara de Vereadores nos próximos dias.
*Áudios originais estão no site do rondoniagora.
Redação Diário O Norte
Com informações Rondoniagora e Rondoniadinamica
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