Artista cearense lutava contra um câncer e deixa marca profunda no forró regional

Cantora Faby Bezerra morre aos 36 anos e deixa legado na música nordestina
Foto: The Music Journal
A música nordestina amanheceu mais silenciosa nesta sexta-feira (20). Faleceu em Fortaleza (CE), aos 36 anos, a cantora de forró Faby Bezerra, após uma intensa luta contra um câncer no colo do útero.
Natural de Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, Faby Bezerra era conhecida por sua voz marcante, carisma no palco e dedicação à cultura popular. Sua morte gerou comoção entre fãs, colegas de profissão e admiradores da música regional.
O diagnóstico da doença veio em 2023, poucos dias após o nascimento de seu quarto filho. Mesmo diante do impacto emocional e físico, Faby não se afastou imediatamente dos palcos. Pelo contrário: seguiu se apresentando enquanto realizava sessões de quimioterapia e radioterapia. Em determinado momento, o tumor chegou a regredir, reacendendo a esperança de recuperação. No entanto, a doença retornou de forma mais agressiva, obrigando a artista a interromper sua agenda de shows nos últimos meses.
Faby Bezerra iniciou sua trajetória musical ainda jovem, cantando em igrejas e eventos locais. Com o tempo, integrou diversas bandas de forró conhecidas na região do Vale do Jaguaribe, como Raízes do Forró, Forró Forrado, Forró na Veia e, mais recentemente, Forró Bota Pra Cima. Sua presença nos palcos era sinônimo de alegria, energia e conexão com o público. Ela conquistava plateias com sua autenticidade e com a forma apaixonada com que interpretava o forró tradicional.
Nas redes sociais, Faby compartilhava momentos de sua vida pessoal e profissional, além de reflexões sobre sua luta contra o câncer. Em sua biografia no Instagram, a frase "Gerar testemunho dói. Lutando contra um câncer de colo uterino" revelava a profundidade de sua fé e resiliência diante da adversidade. Mesmo com a queda de cabelo e a perda de peso, ela mantinha o sorriso e a esperança, inspirando milhares de seguidores.
O velório da cantora foi realizado em Fortaleza, no bairro Parquelândia, e contou com a presença de familiares, amigos e fãs. Uma missa de despedida foi celebrada às 11h, e o corpo seguiu para Limoeiro do Norte, onde foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo. A cidade natal da artista prestou homenagens emocionadas, reconhecendo sua importância para a cultura local e para a identidade musical da região.
"Ela nunca deixou de lutar", disse o companheiro de Faby Bezerra
João Paulo, companheiro de Faby, descreveu-a como uma mulher intensa, honesta, trabalhadora e guerreira. Em entrevista, ele relembrou os momentos difíceis do tratamento e destacou a força com que ela enfrentou cada etapa da doença: "Ela nunca deixou de lutar. Mesmo nos dias mais difíceis, pensava nos filhos, na música, no público. Era uma mulher de luz", afirmou.
A morte de Faby Bezerra representa uma perda significativa para o forró nordestino. Em um cenário musical muitas vezes dominado por grandes nomes e produções comerciais, Faby se destacou pela autenticidade e pelo compromisso com suas raízes. Sua trajetória é um lembrete da importância dos artistas regionais, que mantêm viva a tradição e a identidade cultural de seus povos.
Mais do que uma cantora, Faby Bezerra foi uma contadora de histórias, uma mulher que usou a música como forma de expressão, resistência e amor. Sua voz, agora silenciada, continuará ecoando nas lembranças de quem teve o privilégio de ouvi-la. E seu legado, construído com coragem e paixão, permanecerá como inspiração para futuras gerações de artistas nordestinos.
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