
Recentemente, o Banco Central aumentou a taxa de juros, a Selic, para 15% ao ano, o maior nível em quase vinte anos. Esta mudança influencia o custo de empréstimos, o mercado de trabalho, o agronegócio e o comércio em Rondônia. Acompanhe para entender o que isto significa para você e para a nossa economia!
A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, gera um impacto direto e significativo na economia brasileira, e Rondônia. Esta alta dos juros básicos tem o objetivo de conter a inflação, mas traz consigo consequências para diversos setores, do consumidor final ao grande produtor rural.
O que é a Selic e por que sobe?
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela funciona como um termômetro para todas as outras taxas de juros praticadas no país, influenciando desde os empréstimos bancários até o rendimento de investimentos. Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta a Selic para desestimular o consumo e, assim, frear a alta dos preços. Em outras palavras, o dinheiro fica mais caro para quem pega emprestado e mais atrativo para quem poupa.
Os impactos da alta da Selic
O Banco Central usa a taxa Selic como ferramenta para controlar o aumento de preços, logo se trata, em geral, de uma medida que visa mudar o comportamento dos consumidores. Assim, quando a Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Isto desestimula o consumo e favorece a queda da inflação. Mas, é preciso entender que há diversos efeitos com a tomada desta medida:
1. O custo do crédito sobe: Quando a Selic aumenta, os bancos repassam esta alta para as taxas de juros de empréstimos e financiamentos. Isto implica em que tanto consumidores quanto empresas pagam mais pelos financiamentos, o que reduz o consumo e o investimento.
2. A desaceleração da economia: Com os juros mais altos, as pessoas reduzem os gastos, em especial com bens de consumo duráveis, e as empresas adiam ou cancelam investimento, o que leva a uma desaceleração da economia e, em certos casos, até mesmo a um aumento no desemprego, dependendo da alta.
3. A valorização do real: A alta da Selic pode atrair investidores estrangeiros em busca de rentabilidade maior, o que leva a uma valorização do real em relação a outras moedas. Porém, isto pode prejudicar as exportações brasileiras, pois produtos nacionais se tornam mais caros para outros países.
4. Desestímulo nas aplicações: Investidores podem optar por aplicações mais conservadoras, como a compra de títulos públicos, que passam a render mais com a alta da Selic. Isto desestimula investimentos em ações e outros ativos de risco, como imóveis.
5. O aumento no custo da dívida pública: Como o governo tem uma grande quantidade de dívidas atreladas à Selic, o aumento desta taxa eleva o custo do serviço da dívida pública, o que compromete o orçamento do governo e reduz a capacidade de investimento público.
Estes efeitos podem ser positivos ou negativos dependendo da perspectiva (governo, empresas, consumidores, etc.) e da situação econômica do país. A alta da Selic é, portanto, a ferramenta mais importante de política monetária usada pelo Banco Central para tentar controlar a inflação e estabilizar a economia.
Os impactos diretos em Rondônia
Rondônia, como um estado da Federação, está sujeito aos efeitos das políticas nacionais, de forma que decisões como a do Banco Central de elevar o custo da Selic impactam a economia, embora de forma diversa de outras regiões, dadas suas características. Assim os impactos sobre Rondônia são.
1. Crédito Mais Caro: É a consequência mais imediata da Selic o encarecimento do crédito para as empresas e os consumidores. Para o empresário rondoniense obter empréstimos para investir em expansão, capital de giro ou compra de maquinário fica mais caro. Isto pode frear o ritmo de investimentos e, consequentemente, a geração de empregos.
Para o consumidor, financiamentos de imóveis, veículos e até mesmo o uso do cartão de crédito e cheque especial acabam ficando mais onerosos, o que reduzir o poder de compra das famílias, impactando o comércio local e o consumo.
2. Dificuldade para o Agronegócio: Rondônia possui um segmento forte do agronegócio, um dos pilares de sua economia. A alta da Selic impacta o setor ao aumentar o custo do crédito rural. Linhas de financiamento para plantio, colheita e aquisição de insumos ficam mais caras, o que diminui a margem de lucro dos produtores. Embora o Plano Safra tenha taxas subsidiadas, a taxa Selic influencia o custo de captação dos bancos, que repassam parte deste aumento.
3. Comércio e Serviços: Com o crédito mais restrito para o consumidor e o poder de compra reduzido, o comércio e os serviços tendem a sentir uma desaceleração nas vendas. Empresas que dependem de financiamentos para manter suas operações ou expandir passam a ter maior dificuldade de manter suas operações.
4. Maiores Aplicações em Renda Fixa: Para investidores, a Selic alta torna os investimentos de renda fixa mais atraentes, como o Tesouro Selic, CDBs e LCIs/LCAs. Isso porque eles pagam rendimentos atrelados à própria Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que acompanha a taxa básica. Por outro lado, a renda variável, como ações, pode perder um pouco do brilho, já que o dinheiro rende bem em aplicações de baixo risco.
Cenário futuro e perspectivas
A alta da taxa de juros, chamada de Selic, é uma estratégia do Banco Central para controlar a inflação, ou seja, evitar que os preços subam demais. Segundo o Relatório Focus do Banco Central, a previsão é que esta taxa permaneça alta por um bom tempo, chegando a cerca de 15% até o final de 2025. Mas, para 2026, a expectativa é que a taxa comece a diminuir, indicando que a economia pode se estabilizar e que as taxas de juros podem cair com o tempo.
Para Rondônia, que tem mostrado uma economia forte, com mais empregos e exportações crescendo, o grande desafio é aproveitar os benefícios desta política sem prejudicar o ritmo de desenvolvimento. É importante ficar de olho nas ações do Banco Central e nas respostas do mercado, pois isto ajudará a entender como a economia de Rondônia vai se adaptar a essas mudanças nos juros. No entanto é preciso entender que a dinâmica da economia local, com uma indubitável resiliência e uma tendência histórica de capacidade empresarial, apontam para o fato de que a economia de Rondônia, mesmo nas crises, tem tido um desempenho melhor que a média nacional, independente dos governos, de forma que, inclusive entre os empresários, o otimismo é sempre maior do que o da grande maioria dos outros estados. Evidentemente não há como escapar dos efeitos negativos da alta da Selic, entretanto a criatividade e a vontade de crescimento que o setor empresarial do Estado tem demonstrado deve pesar para que os impactos acabem sendo menor do que seria de se esperar. É um fato que tem se observado nos últimos dez anos que a economia estadual tem sempre crescido mais do a média da região e esta tendência parece se confirmar tanto quando a economia cresce ou, como agora, os sinais são de um desaquecimento em face do cenário nacional.
Redação Diário O Norte
Com informações do Economista Silvio Persivo
Com informações do Economista Silvio Persivo