
Uma água cobrada a R$ 22 mil, um biscoito Globo por R$ 3 mil e um milho a R$ 300. Esses são alguns dos casos absurdos que levaram a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), com apoio do 23º BPM (Leblon), a deflagrar uma operação contra fraudes na orla da Zona Sul do Rio.
A primeira fase da ação aconteceu na última quarta-feira (18), na Praia de Ipanema, e resultou na condução de 13 suspeitos à delegacia. Eles foram identificados e liberados após a apreensão de maquininhas de cartão adulteradas, usadas para aplicar os golpes.
“Os suspeitos ficaram surpresos com a nossa chegada. Eles não esperavam essa ação”, contou a delegada Patrícia Alemany, titular da Deat. Segundo ela, muitos turistas só percebem o golpe depois que descobrem terem pago R$ 20 mil numa caipirinha ou R$ 1 mil num queijo coalho.
A estratégia dos criminosos inclui deixar o visor das maquininhas fosco, arranhado ou pouco visível, dificultando que a vítima confira o valor antes de inserir a senha. “Os estrangeiros são as principais vítimas, porque têm dificuldade com a nossa moeda e não recebem alerta imediato dos bancos sobre transações suspeitas”, explica a delegada.
Além das fraudes na praia, a operação também mira taxistas que utilizam dispositivos ilegais no taxímetro, acelerando a contagem e cobrando valores exorbitantes nas corridas. Dois motoristas foram presos esta semana com esse tipo de equipamento.
Os pontos mais críticos, segundo a polícia, ficam entre os Postos 8 e 9 de Ipanema e no trecho entre a Avenida Princesa Isabel e o Posto 3, em Copacabana — exatamente onde há maior concentração de turistas.
“Não podemos criminalizar o trabalhador honesto, mas infelizmente há muito criminoso se passando por ambulante. Se não conseguir ver o valor na maquininha, não passe cartão. Prefira dinheiro”, orienta Alemany.
O problema vem crescendo. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em 2024, a Deat registrou 345 casos de estelionato contra turistas, um aumento de 43% em relação a 2023. Só os golpes com cartão subiram impressionantes 169%.
“Mais de 60% dos crimes que chegam à Deat são furtos sem violência na praia. Mas o estelionato cresce por conta do aumento de turistas estrangeiros na cidade”, reforça a delegada.
A operação continua e a polícia já pediu quebra de sigilo das maquininhas para rastrear os responsáveis pelos golpes. A recomendação é clara: desconfie, confira o visor, não passe cartão se tiver dúvida e denuncie.
https://diariodorio.com/golpes-na-praia-agua-a-r-22-mil-e-milho-a-r-300-geram-operacao-da-policia/?utm_source=terra_capa_noticias&utm_medium=referral