
Coordenação-Geral de Comunicação Social - DNIT
Porto Velho, RO – Após anos de impasses e forte pressão da bancada de parlamentares do Norte, o Governo Federal anunciou um acordo fundamental para a retomada das obras de pavimentação da BR-319, a rodovia que conecta Porto Velho (RO) a Manaus (AM). A principal condição para o avanço do projeto é a realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), garantindo que a recuperação da estrada aconteça com a devida proteção ambiental e social da Amazônia.
O entendimento entre os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Renan Filho (Transportes) marca uma nova fase para o controverso "Trecho do Meio" da rodovia, com cerca de 400 quilômetros, que está em condições precárias desde o final da década de 1980.

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se retirou da sessão após discutir com senadores. (Foto:Reprodução)
Pressão da bancada do norte e o foco em Porto Velho a Manaus
A BR-319 tem sido um ponto central de embate no Congresso. A bancada de parlamentares da Região Norte tem exercido intensa pressão sobre o governo, especialmente sobre a ministra Marina Silva, argumentando que a rodovia é essencial para a integração e o desenvolvimento. A ministra chegou a deixar uma sessão no Senado após discussões acaloradas com senadores que a acusavam de ser um "obstáculo" para o asfaltamento.
Essa pressão se justifica pela visão de que a falta de uma ligação terrestre eficiente isola Manaus do restante do país, dificultando o transporte de cargas da Zona Franca e o acesso a serviços básicos para as comunidades ao longo do percurso. Para a bancada, a BR-319 é uma questão de soberania e de qualidade de vida para os habitantes da região.
O que a BR-319 asfaltada pode trazer de melhorias
Se a BR-319 for totalmente asfaltada de forma responsável e com forte controle ambiental, a região entre Porto Velho e Manaus, e todo o Norte do Brasil, podem se beneficiar significativamente:
Logística e Comércio Eficientes: A rodovia asfaltada deve reduzir e agilizar o transporte de mercadorias para a Zona Franca de Manaus, diminuindo a dependência do transporte fluvial, que é mais lento e sofre com as variações dos rios. Isso pode baratear produtos e aumentar a competitividade industrial. O escoamento da produção de Rondônia também seria facilitado.
Melhor Integração Regional: A pavimentação facilitaria o deslocamento de pessoas entre Porto Velho e Manaus, aproximando as capitais e fortalecendo os laços sociais e econômicos. Atualmente, o trecho é praticamente intransitável na época de chuvas, isolando comunidades.
Acesso a Serviços Essenciais: O deslocamento mais fácil e rápido pode melhorar o acesso à saúde e à educação para comunidades isoladas, permitindo que moradores cheguem a hospitais e que estudantes e professores se desloquem com mais segurança.
Novas Oportunidades: A rodovia asfaltada pode abrir novas possibilidades para o turismo ecológico na Amazônia e permitir um melhor patrulhamento e presença do Estado em áreas hoje remotas, auxiliando no combate ao desmatamento, à grilagem e outras atividades ilegais.
Um plano com três pilares e proteção ambiental
O "Plano BR-319", fruto do acordo entre os ministérios, prevê uma série de ações para mitigar os impactos da rodovia na floresta. A estatal Infra S.A. será responsável por contratar uma consultoria para a AAE, que deve gerar diretrizes para o desenvolvimento sustentável da região e medidas para reduzir os riscos ambientais.
Além da AAE, o plano se apoia em três eixos principais: governança socioambiental emergencial (com ações coordenadas para combater desmatamento e grilagem em uma faixa de 50 km de cada lado da rodovia), a própria Avaliação Ambiental Estratégica e um modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para a pavimentação.
A ministra Marina Silva tem enfatizado que não se trata de ser contra a estrada, mas de garantir que sua construção seja feita de forma responsável, com governança e proteção à floresta. O novo plano busca justamente evitar os erros do passado e equilibrar a necessidade de integração logística com a preservação de um dos ecossistemas mais importantes do planeta.
Redação Diário O Norte