Atualmente, o Brasil registra cerca de 23 milhões de empresas ativas, segundo dados do Serasa
Mais de 60% das empresas em operação no Brasil atualmente atuam com margens de lucro abaixo de 10%, de acordo com o IBGE. Esse cenário de baixa rentabilidade, aliado a uma complexa carga tributária, tem empurrado empresas de médio porte para o fechamento precoce ou para a informalidade. Sem planejamento fiscal adequado, muitas companhias com fluxo de caixa apertado não resistem às obrigações mensais e acumulam dívidas que comprometem a continuidade do negócio.
Segundo Marcos Pelozato, advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial, a falta de uma assessoria contábil e tributária preventiva está entre os principais fatores que aceleram a deterioração financeira das empresas. “O empresário médio geralmente só busca ajuda quando já está em colapso. Mas o que defendemos é uma atuação antes disso, com análise da estrutura de custos, revisão do regime tributário e reorganização administrativa. Isso salva a empresa antes mesmo da crise se instalar”, afirma.
Atualmente, o Brasil registra cerca de 23 milhões de empresas ativas, segundo dados do Serasa e do governo federal. Destas, mais de 7,3 milhões estão inadimplentes, o que representa 32% do total e acumulam dívidas superiores a R$ 170 bilhões. Ainda assim, apenas 2.273 companhias solicitaram recuperação judicial em 2024, número que corresponde a menos de 0,01% do total de empresas em dificuldades.
“A baixa adesão à recuperação judicial revela um problema mais profundo, que é a falta conhecimento entre os empresários e também entre advogados e contadores. Muitos não sabem que existem ferramentas legais e práticas para reestruturar a empresa antes da falência. Esses profissionais precisam se atualizar para conseguirmos reverter esse quadro”, explica Pelozato, que também lidera um programa de formação voltado à atuação preventiva na gestão de crise.
A pressão tributária, segundo o especialista, afeta principalmente negócios que operam em setores com baixa previsibilidade de receita ou forte sazonalidade. “Empresas com margens apertadas não conseguem absorver passivos tributários sem se descapitalizar. Quando não há orientação, a consequência é o acúmulo de dívidas e, muitas vezes, o encerramento das atividades”, afirma.
Dados do Sebrae reforçam a baixa procura por apoio profissional, apenas 6% dos donos de micro e pequenas empresas buscaram ajuda neste sentido em 2024. Em contraste, 60% dos negócios encerram atividades antes de completar cinco anos. “Boa parte desses encerramentos poderia ser evitada com reestruturação adequada e revisão tributária desde os primeiros sinais de alerta”, observa Pelozato.
A ausência de planejamento fiscal também tem levado empresas a adotar práticas informais para postergar tributos ou evitar encargos, o que, segundo o especialista, compromete a saúde financeira e institucional do negócio. “A informalidade é uma bomba-relógio. Ela pode aliviar o caixa num primeiro momento, mas impede acesso a crédito, afasta investidores e coloca o negócio à margem da lei. É um caminho perigoso”, alerta.
Na avaliação de Pelozato, a reestruturação empresarial deve ser tratada como política contínua, e não como reação emergencial. “Se empresários, contadores e advogados agirem juntos desde o início, é possível reorganizar o passivo tributário, revisar contratos e enxugar custos. São medidas simples, mas que exigem preparo técnico. Por isso, temos investido na formação de profissionais que atuem de forma preventiva, ajudando empresas a sobreviver”, conclui.
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