Moradores da zona rural de Canutama (AM) bloquearam a BR-319, no quilômetro 145 (na altura do Projeto São Francisco), impedindo o tráfego no sentido Humaitá–Porto Velho. Os manifestantes prometem manter a interdição da rodovia até que as autoridades resolvam os problemas crônicos de infraestrutura e educação na comunidade. O protesto é motivado por anos de promessas não cumpridas em relação à manutenção viária local.
Os manifestantes afirmam que documentaram reivindicações sobre as mesmas estradas em 2018, 2023 e 2024, sem resultado. Agora, dizem estar dispostos a permanecer no bloqueio pelo tempo que for necessário para conseguir respostas concretas.
A população relata que as estradas estão tão danificadas que colocam em risco a vida de crianças que usam ônibus escolares. Segundo os moradores, se uma escola tiver 50 dias de aula, muitos alunos deixam de frequentar por causa das condições da via.
Os manifestantes exigem que o maquinário de Canutama seja acionado para iniciar os trabalhos de recuperação. Segundo eles, existe um termo de cooperação entre as prefeituras de Canutama e Porto Velho, mas a de Porto Velho só pode atuar se a de Canutama estiver envolvida.
O problema é que a Prefeitura de Canutama retirou o maquinário da região, alegando que estava quebrado. Com isso, a Prefeitura de Porto Velho ficou impedida de atuar.
Os moradores também cobram a disponibilidade de ônibus escolares em bom estado de funcionamento. Atualmente, segundo eles, não há ônibus regularizados com motoristas habilitados para transportar as crianças.
Regularização fundiária parada há anos
Outro problema apontado é a falta de ação do INCRA na regularização fundiária da área. Os manifestantes afirmam que o órgão prometeu chegar em 2010, 2015 e 2020, mas nunca compareceu.
Mais recentemente, o INCRA prometeu vir em outubro e depois em novembro. Já estamos em dezembro e nada foi feito.
A comunidade questiona para onde foi o dinheiro investido em quatro meses de trabalho na região. Segundo os moradores, as estradas continuam em péssimas condições, apesar dos investimentos.
Eles também criticam a qualidade do trabalho realizado até agora, afirmando que pessoas sem qualificação estão sendo responsáveis pelos serviços.
Cobrança aos representantes
Os manifestantes dirigem críticas aos vereadores e ao prefeito de Canutama, pedindo que tomem posição e resolvam os problemas. Eles lembram que votam nos políticos e esperam que eles cumpram com suas obrigações.
"Quando vão pedir voto, eles dão junto com a população. Agora vamos ver se estão juntos mesmo com a população", afirmou um dos moradores.
Exigências concretas
A comunidade não quer mais promessas. Eles exigem ação imediata, com o maquinário chegando à região e começando os trabalhos de forma visível.
Os manifestantes afirmam que não vão liberar o bloqueio enquanto não virem o maquinário operando e trabalhando na recuperação das estradas.
Os moradores destacam que exercem seu direito de cidadania ao votar, mas não conseguem acesso aos direitos básicos como educação, saúde e infraestrutura adequada.
