Silvio Persivo
Soube, através de Luiz Cesar Auvray Guedes, ex-secretário de planejamento de Rondônia e um dos grandes contribuidores para que Rondônia tenha a grandeza que tem, que Jorge Elage fez 80 anos. Faz tempo que não o vejo. E embora soubesse que era ligado a UDV, onde, pelo que sei, conseguiu sossegar um pouco seu espírito irrequieto, não tinha notícias dele. Amizades sobrevivem mesmo com a distância, porém, mais do amizade tenho admiração pelo Jorge, que foi um ativo pensador, posso dizer que um dos arquitetos da Rondônia atual.
A grande transformação do ex-Território se deu, efetivamente, com o então governador Humberto da Silva Guedes, que com visão de estadista, estabeleceu as bases do novo estado, não apenas trazendo uma multidão de técnicos para pensá-lo, em especial da UNB, mas nomes de peso como os de Milton Santos, Silvio Sawaia, Paulo Zimbres, que foi o verdadeiro criador do sistema viário de Porto Velho, Jorge Nova da Costa e tantos outros que a memória me escapam, buscando revitalizar os projetos de colonização, criando equipes e planejando fazer um estado economicamente equilibrado, com as terras e a riqueza bem distribuídas.
Neste processo, muitas vezes, Jorge Elage teve uma atuação destacada não somente por sua visão múltipla de diversos setores, mas, sempre com uma antevisão de futuro muito grande. Participou no começo, quando foram montadas as primeiras secretárias, que funcionaram no próprio Palácio Presidente Vargas e no Palácio das Secretárias, antigo Porto Velho Hotel, hoje UNIR e foi o primeiro coordenador da CODRAM, departamento da Secretária de Planejamento que cuidava de criar os novos municípios.
Com uma visão multidisciplinar, discutia tudo e todas as coisas, ao mesmo tempo, buscando influir no futuro de sua terra de todas as formas. Ele incomodava muitas pessoas por tudo questionar e buscar sempre fazer mais e melhor. Sem dúvida, contribuiu enormemente para a criação do Polonoroeste, dos novos municípios, para a criação dos NUARs e tantas outras coisas e planos.
Como tantos outros, inclusive o próprio Luiz César Auvray Guedes, jamais teve seu trabalho reconhecido e, depois, pelo que vejo, se dedicou mais à UDR onde virou mestre e também teve uma importante contribuição. Não posso deixar de, mesmo atrasado, prestar meu tributo à sua inteligência, amizade e dedicação às causas pelas quais escolheu lutar. Tenho a sorte de ter convivido com muitas pessoas notáveis e, entre elas, está, com certeza, Jorge Elage. Parabéns, meu ilustre amigo, que colha ainda muitos anos e flores na estrada da vida.
