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Porto Velho, RO - Para além da tensão política que é vista no cotidiano do Congresso Nacional, a sede do Legislativo ainda é um reduto de amor para alguns parlamentares. Neste Dia dos Namorados, o Metrópoles listou casais que se relacionam no ambiente congressista e dividem a vida a dois com articulações e encaixes em agendas públicas.
Divididos por partidos, mas compartilhando da mesma ideologia política, o casal de deputados Orlando Silva (PCdoB-SP) e Fernanda Melchionna (PSol-RS) se aproximou após uma sessão de um dos colegiados mais movimentados da Câmara: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em 2022.
“No ano passado, a gente participava da CCJ. Numa dessas reuniões infindáveis, a gente saiu meio cansado. Chamei ela pra almoçar”, conta Orlando. O convite veio no momento certo, já que a deputada tinha um compromisso que foi desmarcado de última hora.
“Foi uma sorte dele porque a minha companheira de almoço desmarcou em cima da hora. Estava tomando um ar lá fora e a amiga desmarcou. Trinta segundos depois, ele passou e chamou”, relembra a parlamentar.

Deputados Fernanda Melchionna (PSol-RS) e Orlando Silva (PCdoB - SP) assumiram namoro em 2023 Igo Estrela/Metrópoles
Depois do almoço pós-CCJ, que ocorreu no restaurante Cantucci, em Brasília, a aproximação entre os parlamentares se tornou mais intensa. Orlando revela que o estabelecimento se tornou um “cantinho especial” para o casal.
O namoro começou ainda no ano passado, após as eleições. A divulgação do relacionamento estava prevista somente para esta segunda, Dia dos Namorados, mas o romance acabou se tornando público em maio deste ano, depois de uma visita do casal a um parque de Porto Alegre, cidade de Fernanda Melchionna.
“Uma jornalista muito conhecida de lá nos viu. E depois me escreveu perguntando”, contou a deputada. A divulgação do romance coincidiu com o intenso debate sobre o Projeto de Lei (PL) das Fake News, do qual Orlando é relator. “O debate das fake news, a minha cara na rua”, brincou o deputado sobre a difícil tarefa de não chamar atenção para o romance.
Amor e política
A rotina agitada da vida política em Brasília torna o relacionamento mais desafiador, especialmente em períodos de votações intensas nas Casas Legislativas. “Em Brasília o tempo é mais longo. Doze, treze horas [de trabalho]. Terça e quarta a gente acaba se vendo à noite, fim do dia”, conta Fernanda.
Vez ou outra, no entanto, o casal consegue dar uma “escapada” em meio à rotina intensa como congressista. “De vez em quando tiro ela do prédio da Câmara para dar um beijinho. Sobretudo quando são aquelas reuniões intermináveis, no plenário, à noite”, brinca Orlando.
Nos períodos de folga entre os compromissos políticos, os parlamentares conseguem encontrar tempo para ficar juntos. Nesses momentos, no entanto, o casal busca conversar sobre temas mais leves.
“Não é fácil. É um ritmo intenso aqui. A jornada é longa, mas o tempo que sobra é curto. Mas se você souber aproveitar bem… Acho que a gente até aproveita bem e fala sobre política, mas consegue separar um pouco. Já tem o tempo inteiro falando de política. Se não preservar minimamente um espaço, não rola”, admite Orlando.

É claro que as divergências políticas existem. Apesar de serem de legendas de esquerda, Orlando e Fernanda são de legendas diferentes e compartilham visões distintas sobre determinados assuntos. “Divergência é normal, ainda mais porque somos de organizações e partidos diferentes”, afirma a deputada.
Segundo o casal, as discordâncias já renderam “mau humor”. “Mas nada comprometedor”, admite Orlando. Apesar das diferenças, também há momentos em que os deputados se auxiliam em decisões políticas. Fernanda cita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 96/2019, de sua autoria, que proíbe o bloqueio de verbas federais para a área da educação. Orlando foi o relator do texto na CCJ.
“Ainda precisamos batalhar pela [criação de uma] comissão especial [para discutir a PEC]. Ele foi relator, e todos os campos políticos e da comunidade acadêmica, todo mundo defendeu”, ressalta Melchionna.
A trajetória do casal é marcada pela atuação em movimentos estudantis: Orlando foi o primeiro presidente negro da União Nacional dos Estudantes (UNE), e Melchionna atuou na militância estudantil e feminista no Rio Grande do Sul.
“Um apoia o outro na medida em que tem temas que ela trata. Às vezes um olhar me ajuda. Tem temas que ela trata e eu ajudo. Isso facilita um pouco o fato de estarmos em um ambiente parecido. Temos diferenças, identidades e acho que nos ajuda”, conta Orlando.
Romance no Congresso Nacional
Além de Orlando e Fernanda, outros casais dividem a rotina política no Congresso Nacional e a vida a dois. É o caso da deputada Rosângela Moro (União-SP) e do senador Sergio Moro (União-PR).
Eles dividem a mesma legenda, são casados e têm dois filhos. Em 2023, estrearam a carreira no Legislativo: Rosângela na Câmara, e Moro no Senado. Mesmo discretos, ambos são vistos juntos pelos corredores do Congresso. Eles participam de eventos políticos na companhia do outro, mas evitam divulgar detalhes da vida pessoal nas redes sociais.
Outro casal que divide os corredores do Congresso é formado pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores. Volta e meia os dois também são vistos juntos.
Apesar da discrição, Lindbergh e Gleisi estão juntos desde o ano passado e já protagonizaram momentos de romance nas redes sociais. No Carnaval deste ano, um vídeo deles trocando beijos na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, viralizou nas redes sociais.
Em 2021, os deputados Samia Bomfim (PSol – SP) e Glauber Braga (PSol – RJ) anunciaram o nascimento do primeiro filho, Hugo Bomfim Braga. Junto desde 2020, o casal é afiliado ao mesmo partido e compartilha posicionamentos políticos semelhantes.
Fonte: Metrópoles