Quem é brasileiro,
que vive e torce pelo seu país, não é contra o governo só por ser contra. Fazer
isto, como muitos fizeram e ainda fazem, é atirar contra o próprio pé. A
questão real é que Lula da Silva precisa acordar que estamos num mundo
diferente do que ele sonha. Não será possível impor sua vontade, embora possa
impor muita coisa, queira, ou não, terá que negociar muito. E, passados seis
meses de seu governo, parece perdido sem melhorar suas articulações políticas, com
ações políticas e econômicas sem rumo e, pior ainda, sem investir em setores
prioritários, como a educação de base e superior, nem em ciência e tecnologia.
É risível que quando se cita a China, ou os tigres asiáticos, como exemplo de ação
do estado e de reindustrialização, esquecem que o fracasso venezuelano e
argentino se deu por mais estado também. E não se mencione que todos eles pecam
pela falta de liberdade e inexistência de direitos trabalhistas e sociais. Ou,
para ser mais claro, não foi a questão do regime que mudou as coisas nos que
deram certo e sim, a política correta de investir pesado na educação de base, secundária
e superior, bem como o redirecionamento para a indústria digital moderna permitindo
que pudessem ter condições de competir com os países ocidentais. Não se trata do
regime, que tolhe mais do que ajuda o crescimento, mas sim, que, todo ano, se
produz muito mais engenheiros, cientistas de dados, programadores,
desenvolvedores de aplicativos e novos produtos que aportam no mercado. O que
faz o governo brasileiro? Invés de melhorar o ambiente de negócios, fazendo as
reformas e diminuindo impostos, busca tonificar uma indústria velha, como a de
veículos, com subsídios!!!! A reindustrialização, ainda mais com a diferença de
custos para a China, é uma agenda atrasada, pois, além da indústria não gerar
mais empregos como no século passado, com as evoluções tecnológicas só
poderemos competir nas áreas em ascensão, como as de inteligência artificial,
internet das coisas, medicina genômica, nanotecnologia e energias renováveis,
se tivermos muito mais investimentos nos ensinos básicos e superior, que
continuam ainda no século passado. Como poderemos ter ciência e tecnologia
moderna com universidades que não possuem dinheiro nem para manutenção? O fato
real é que superficialmente somos um país digital, mas não temos nem uma
indústria de tecnologia sólida nem temos, o mais importante: cérebros. Os
melhores precisam sair para poder ter um bom ambiente de trabalho. Querem
tornar o Brasil industrial, um país competitivo? Então o primeiro e inadiável
passo é investir nos ensinos básico e superior. É trazer a educação para o
século XXI. Sem o que nunca foi feito, efetivamente, um programa de educação
sério, que ultrapasse os discursos, que se afaste apenas de grandes gastos em
infraestrutura e na farsa de se gastar para dizer que se faz educação, não
voltaremos a ser uma nação com futuro. É pelo Ministério da Educação que se
pode começar a mudar o Brasil.