Silvio Persivo
Em economia não existem
fórmulas mágicas ou, como é corrente em linguagem comum, não existe almoço
grátis. Assim, como durante todo o ano de 2024 o preço do diesel não foi
reajustado, estima-se que a defasagem do preço esteja entre 14 a 17%, isto
teria que ocorrer. Também a gasolina, em menor escala, tem uma defasagem de,
pelo menos, 7%. É um desequilíbrio dos custos que tem sido arcados pela
Petrobrás, mas, agora, por diversas razões, a empresa precisa equilibrar esta
equação, de forma que, ao que parece, vai promover dois reajustes do diesel e
um da gasolina e do álcool. Não é uma boa notícia para os brasileiros que já
enfrentam uma inflação alta. Para tornar esses aumentos ainda mais dolorosos é
preciso acentuar que houve um aumento do ICMS sobre os combustíveis, com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) no final
de 2024, elevando a alíquota em R$ 0,10 centavos por litro de gasolina e
etanol, e R$ 0,06 para diesel e biodiesel. A consequência
inevitável da soma destas duas medidas é fatal: a elevação dos custos de
transporte. E transporte mais alto afeta toda a cadeia de produção, mas,
principalmente os preços dos alimentos e dos produtos essenciais, pois não
precisamos lembrar que quase tudo no país é transportado por caminhões. O custo
do frete aumentado será repassado, de imediato, para os produtos e para o
consumidor. Ora, se, no ano passado, a inflação já estourou a meta o que
esperar quando se inicia o ano com aumento dos combustíveis? Se o aumento da
gasolina já impacta diretamente no IPCA, o índice oficial de inflação, e seus
efeitos posteriores também, então não existe saída possível para o fato de que
o poder aquisitivo dos assalariados, a grande massa de empregados, ficará
menor, ou seja, a perspectiva é de que o brasileiro ficará, sem dúvida, mais
pobre. Acrescente-se que o aumento da inflação gera um efeito secundário
previsível: o aumento dos juros. O governo, que reclamava da anterior
administração do Banco Central, teve que engolir, agora, dos próprios
administradores que indicou para o órgão, um novo aumento de 1% e já tem
agendado mais 1% para o próximo mês. O mercado, porém, já dá como certo, no
final do ano, uma Selic de 15%, visão otimista, de vez que há setores que
trabalham com a perspectiva de 16%. Com o atual patamar da Selic em 13,25% os
juros reais brasileiros, a conta que considera a taxa de juros descontada da
inflação, é de 9,18%, já é o maior do mundo. A Rússia aparece depois, com taxa
de 8,91%. O grande problema é que juros altos desestimulam a produção, ou seja,
é a antevisão de um produto menor e aumenta os juros das contas públicas. Em
resumo, o governo, que está com sua popularidade ladeira abaixo, entra numa
zona em que se não tomar medidas efetivas para controlar as contas tende a se
tornar inviável. O grande problema é que controlar as contas públicas não
parece ser uma atitude possível no governo atual. É mais previsível que tente
controlar os preços de forma artificial, o que não será nada bom. É uma sinuca
de bico que só nos empurra para ficar mais pobres.