
E o Oscar 2026 vai para… a Inteligência Artificial? É quase isso. O fato é que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acaba de atualizar oficialmente as regras de elegibilidade para o Oscar.
Segundo as novas diretrizes, filmes que utilizarem IA continuam totalmente elegíveis para indicações e vitórias no Oscar. Pela nova regra, o uso de IA generativa ou outras ferramentas digitais “não ajudará nem prejudicará as chances de uma indicação”.
Sim, a Academia e seus comitês avaliarão cada filme considerando “o grau em que um humano esteve no centro da autoria criativa” ao selecionar os indicados.
Mas como os votantes vão saber, visto que não haverá exigência de que os cineastas revelem o uso de IA, durante o processo de inscrição? Facilitou bem... então na prática está liberada a IA.
Este último Oscar já tinha aberto as comportas ao dar o Oscar de melhor ator para Adrien Brody. Afinal, “O Brutalista” usou software de clonagem de voz por IA para aprimorar seu sotaque húngaro.
E “Emilia Pérez” utilizou IA para aumentar a extensão vocal da atriz Karla Sofía Gascón e mesclar sua voz com a da popstar francesa Camille. Tudo isso intensificou muito o debate sobre a autenticidade das performances. Mas quando se usa “motion capture” para transformar um Mark Ruffalo no Hulk, por exemplo, isso já não estava em questão? E os alienígenas que protagonizam a série “Avatar”?
A questão vai além da atuação. Negociações recentes entre sindicatos de roteiristas e os estúdios focaram na proteção da autoria humana e na garantia de que os roteiristas mantenham controle sobre o uso (ou não) de IA em seu trabalho. É claro que um roteirista pode usar IA pra desenvolver seu script, e ninguém jamais irá saber.
Mas talvez uma outra grande mudança na política da Academia acabe tendo um impacto até maior do que essas.
A partir de agora todos os votantes do Oscar serão obrigados a assistir a todos os filmes das categorias em que irão votar. Para votarem com mais conhecimento de causa, claro.
Considerando que só para “Melhor Filme” já são dez filmes indicados, imagine quanto tempo os votantes terão que investir para escolher quem leva o Oscar.
Eu aqui já prevejo que muitos deles em breve vão usar a IA para outra coisa: para transformar aquele épico de três horas em um resuminho de 15 minutos. Como a gente já faz pra ouvir áudio, acelerando…
(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini, de soluções digitais.
https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/oscar/novos-tempos-novas-regras-para-a-ia-no-oscar,205e2eb96f0ad45adf6397b3027160eftfz6ethm.html?utm_source=clipboard