Atriz lamenta rejeição em testes e questiona os estereótipos associados às pessoas da elite e os pobres
Em entrevista ao videocast ‘Conversa Vai, Conversa Vem’, do jornal ’O Globo', Carolina Dieckmann, a Leila de ‘Vale Tudo’, foi questionada pela jornalista Maria Fortuna sobre o impacto na carreira de ser explicitamente bonita.
“Me fechou muitas portas, não é um papinho, é uma realidade. E me fechou mais portas recentemente do que no começo. No começo, realmente me abriu portas, eu comecei como modelo, depois fui fazer uma minissérie como modelo (‘Sex Appeal’, na Globo, em 1993), então, era óbvio que eu estava ali num padrão.”
Descendente de alemães, a atriz afirma ter sido preterida algumas vezes pela aparência europeia. “Já perdi alguns papéis. Tem uma história ótima, um teste que fui fazer para uma personagem que era uma cozinheira de comunidade. Aí o autor falou ‘não, ela não tem cara de cozinheira de comunidade’”, contou.
“Eu pintei o cabelo de castanho, coloquei uma lente, botei um aplique, tentei ir para algum estereótipo, pedi para fazer outro teste, (disseram) ‘não, você não tem cara...’ E por que não tenho cara de cozinheira de comunidade? Por que não pode ter uma pessoa que nem eu na comunidade? Então, sim, (a beleza) já me fechou portas.”

"Por que não pode ter uma pessoa que nem eu na comunidade?", questiona Carolina Dieckmann
Foto: Reprodução/Instagram
A loirice e os belos olhos claros foram apontados como um problema em nova tentativa de conseguir um trabalho. “Recentemente, outro papel que eu não posso falar, era isso: ‘Você é colorida demais, a gente quer uma pessoa um pouquinho menos colorida’. Falei ‘não tem nada que a gente possa fazer?’, ‘não, não porque aí complica, você é muito colorida’. Sim, fecha portas e abre outras.”
Para Carolina Dieckmann, o julgamento que recebe por seu visual considerado elitista é um tipo de discriminação. “Olhar para mim e falar: ‘Ela tem cara de rica’. O que quer dizer com isso? Que rico tem que ser loiro de olho azul, ter nariz arrebitado? Por que não pode ter uma pessoa (loira de olhos azuis) de outra classe social? Nesse mundo que a gente está vivendo, onde tudo é visto e são muitos preconceitos, isso também é um preconceito.”

"Isso também é um preconceito", afirma a atriz, referindo-se à perda de papéis por ter 'cara de rica', segundo a avaliação de produtores e diretores
Foto: Divulgação/TV Globo
No início de abril, a coluna destacou que outra celebridade branca, loira, de olhos azuis e ‘com cara de rica’, a apresentadora e advogada Gabriela Prioli, sofreu rejeição na alta sociedade paulistana por ter origem humilde, apesar da aparência europeia.
“... eu me lembro de sentir dor no corpo de tão envergonhada que eu ficava por perceber que as pessoas tinham um discurso, que me excluíam o tempo inteiro”, relatou em seu podcast ‘Platitudes’. (Leia mais no destaque.)
Em um País flagrantemente racista como o Brasil, apesar de ter população com maioria de pretos e pardos, pode causar revolta a discussão da segregação de uma pessoa branca e com aparência sofisticada, porém, estes dois exemplos mostram que, nos microcosmos da sociedade e em determinadas circunstâncias, ninguém escapa de ser julgado pela aparência.
https://www.terra.com.br/diversao/gente/ser-loira-bonita-e-ter-cara-de-rica-fez-carolina-dieckmann-perder-papeis-preconceito,00bc9eb978f581e509618270088d31b59jgxsgb6.html?utm_source=clipboard