Cantor fala sobre como preferiu conduzir sua carreira e das críticas por ser um punk filho de dois políticos tradicionais, Eduardo e Marta Suplicy

O cantor Supla em 2025
Foto: Ellen Artie @ellenartie / Rolling Stone Brasil
Prestes a completar 60 anos, Supla segue na ativa e, como ele próprio descreve, "correndo e fazendo seu caminho". Mesmo que isso signifique abrir mão de oportunidades que poderiam render mais visibilidade — e, certamente, uma enxurrada de críticas.
Para celebrar a nova idade, o cantor paulistano, filho de políticos tradicionais de São Paulo — Eduardo e Marta Suplicy —, concedeu entrevista a Gabriel Zorzetto para o Estadão e abordou diversos tópicos da carreira. Dentre eles, o questionamento sobre vir de uma família abastada, políticas públicas voltadas para a arte, como a Lei Rouanet, e a forma que mais lhe convém para conduzir sua trajetória.
Sobre a Lei Rouanet, especificamente, Supla afirmou jamais ter usado por não se sentir confortável. O músico também revelou que já recusou ofertas de shows, inclusive fora do Brasil, para não ser acusado de estar se beneficiando das conexões políticas de seus pais.
Supla explica:
"Os caras falam de Lei Rouanet (risos), mas eu nunca usei... Minha mãe foi Ministra da Cultura, Ministra do Turismo. Uma vez me convidaram pra fazer alguns shows fora do Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, mas eu não aceitei, para evitar que falassem qualquer coisa.
Segundo ele, piadas e comentários jocosos sobre sua carreira e a vinculação política são comuns. Há incômodo com isso, mas o artista não se afeta.
"Isso incomoda, mas estou pensando mais no aspecto grande da coisa do que nesses blá-blá-blás. Você está me xingando? Vai lá, faça melhor e não enche o meu saco. Cala a boca e faça o seu trabalho. Essa coisa de esquerda e direita é uma tristeza."

O cantor Supla em 2025 -
Foto: Ellen Artie @ellenartie / Rolling Stone Brasil
Eduardo Suplicy vivenciou questionamento similar
Supla diz que, assim como o pai enfrentou resistência por vir de uma família rica (Matarazzo) e ajudar a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), ele também costuma ser questionado no punk, mas que essas contradições fazem parte de um contexto maior, em que as escolhas pessoais estão acima da política.
Ele reflete a respeito:
"Meu pai sempre sofreu um grande preconceito. Às vezes até da esquerda. Falavam: 'como pode um Matarazzo estar fundando o Partido dos Trabalhadores? Você está louco, você é um traidor!'. Mas isso está acima do político. É a coisa humana, de se sensibilizar com as pessoas que não tiveram nenhuma oportunidade. Ou você pode cagar, só pensar em ganhar dinheiro. Mas essa não foi a pegada do meu pai. Fui influenciado por isso, mas nunca virei político. Eu sempre corri, fiz o meu caminho."
Supla atualmente
Supla vem trabalhando no lançamento de um novo disco com o grupo Punks de Boutique, previsto ainda para julho, e já prepara também o show que fará no festival The Town, e setembro, junto com a banda punk Inocentes.
https://www.terra.com.br/diversao/musica/a-proposta-recusada-por-supla-para-nao-ser-acusado-de-usar-lei-rouanet,d4f61a13b1bffa046d98cb4feff6bc80mnvupoza.html?utm_source=clipboard