
A revitalização do calçadão Dr. Stevaux, no centro de São Roque, tem gerado insatisfação entre comerciantes locais devido aos impactos causados por atrasos e interrupções na obra. Iniciado em outubro do ano passado, o projeto já passou por paralisações, rompimento de contrato com a primeira empresa responsável e atraso no cronograma. Com a contratação de uma nova empreiteira, os trabalhos foram retomados recentemente e a previsão é que sejam concluídos em até dez meses.
Enquanto a obra segue inacabada, lojistas enfrentam prejuízos e queda no movimento. Letícia Batista Souza, atendente de uma loja da região, afirma que a baixa circulação de clientes é o reflexo mais visível. “A perda de movimento foi um dos piores fatores. Toda a mercadoria está coberta de pó. Colocamos produtos em promoção para tentar vender, mas mesmo assim o fluxo continua fraco. As pessoas evitam vir com toda essa bagunça”, relata.
Além da queda nas vendas, comerciantes apontam condições precárias para trabalhar. “Muitas vezes precisamos atender no escuro, usando lanterna. A parte elétrica da loja teve que ser arrumada por conta própria. Desde o início da obra só tivemos gastos”, acrescenta Letícia.
Segundo Marielen Ambrósio Martins, gerente de outra loja da via, o acesso comprometido prejudica ainda mais as vendas. “Estamos lidando com poeira, barro e sujeira constantemente. A interdição da rua, feita sem aviso prévio, também afeta diretamente o funcionamento das lojas”, conta.
Outros lojistas, que preferiram não se identificar, relataram situações que colocaram a segurança em risco, como a queda de um poste de energia que interrompeu o fornecimento por horas. Também houve momentos de falta d’água e fechamento repentino da rua, sem comunicação com os comerciantes, o que obrigou o encerramento das atividades por todo um dia.
Outro ponto crítico é a falta de acessibilidade. Com as intervenções, entulhos e equipamentos ocupando o espaço, pessoas com mobilidade reduzida, idosos e pessoas com deficiência visual evitam transitar pelo calçadão.
Apesar da promessa de conclusão até o segundo trimestre de 2026, o clima entre os comerciantes é de incerteza. Muitos temem que os problemas se estendam, comprometendo ainda mais as vendas em uma das áreas mais movimentadas da cidade.
Investimento de R$ 2,4 milhões
O Departamento de Planejamento e Meio Ambiente de São Roque informou que, após a rescisão com a antiga empresa, uma nova empreiteira assumiu a revitalização do Calçadão Municipal em 12 de maio. As obras, agora em ritmo acelerado, seguem em todos os trechos simultaneamente e em regime de 24 horas, com equipes em turnos revezados. A expectativa é liberar ao menos parte do calçadão entre o fim de julho e o início de agosto.
O projeto contempla novo piso, cabeamento subterrâneo, paisagismo renovado e um visual mais moderno para o centro da cidade. O investimento ultrapassa R$ 2,4 milhões, provenientes do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos). A proposta é valorizar o comércio local, a mobilidade urbana e a experiência dos moradores e visitantes, segundo o órgão.
A CPFL Piratininga informou que o poste que caiu foi danificado por escavações de terceiros e que a estrutura já foi regularizada, com o fornecimento de energia restabelecido. Já a Sabesp afirmou que foi necessário reposicionar a tubulação de água para viabilizar o andamento da obra, mas que o abastecimento na região está normalizado.
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