ESPERANDO PARA VER O QUE FAZER
novembro 25, 2025
Silvio Persivo
É inevitável que, quando chega o fim do ano, as pessoas e as empresas recaíam no ciclo de sempre: analisar o que se passou, verificar os erros e os acertos e buscar formas de melhorar o futuro. As formas para isto são diversas, principalmente num ano, como foi o de 2025, marcado pelas dificuldades e pela incerteza. Talvez muitos digam que a incerteza é um traço do mundo moderno, porém, até para nos sentirmos confortáveis, sempre buscamos minimizar os desafios por meio de vislumbrar os cenários possíveis. E, pelo menos no Brasil, as inseguranças aumentaram sensivelmente, de modo que construir cenários se tornou uma tarefa imensamente complicada. Daí que, se normalmente, as pessoas já se voltam para videntes, cartomantes, sensitivos e quejandos, na medida em que 2025 se aproxima do fim aumentam as demandas pelos que possam desvendar os véus do futuro. Aparece de tudo: de leitores de mão passando por búzios, tarot, especialistas em reprogramação mental, numerólogos e, mais recentemente, os que usam a física quântica e/ou equilibram as auras por meio de passes que modulam a frequência energética individual.
Quem sou eu para discutir a influência dos astros, os fins e os inícios dos ciclos planetários, identidades energéticas, campos vibracionais, a potência do campo eletromagnético do coração ou como os pensamentos positivos, a alegria e a gratidão mudam as perspectivas e o futuro? Efetivamente, depois de décadas de vida estou mais perto de Sócrates do que nunca e, por mais que tenha procurado me manter antenado com este mundo, devo dizer que sou um barco desgovernado que, num país que mais parece um mar bravio, procura não afundar durante a tempestade. A rigor, depois de alguns problemas incomuns, tento apenas terminar o ano sem me sentir doente, mas, com certeza, de ser incapaz de absorver a sobrecarga digital, a desinformação geral, a estrutura multimidia vigente, que não me parece muito razoável, e a surpresa e o encanto de passar por algumas experiências imersivas que me conscientizam, cada vez mais, da minha transitoriedade e insignificância. Até tive a impressão errônea de que terminava um ciclo. Nada terminou, de fato, depois que passei por um período de turbulência, apenas consegui concluir que os problemas continuam os mesmos e que não tenho muito como, nesta altura do campeonato, mudar os resultados. Estou, mais ou menos, na mesma situação dos times da série A que tentam escapar do rebaixamento. Enfim, minha grande ambição é chegar ao fim do ano não me sentindo doente. Já em relação à 2026, sinceramente, não sei bem o que vou fazer. E, usando a metáfora do barco, estou mais esperando ver se a chuva e as águas vão se acalmar.
