
Enquanto a Votorantim S.A. redesenha sua atuação no mercado, reduzindo o foco em commodities e ampliando investimentos em energia e finanças, um dos seus ativos mais tradicionais pode estar prestes a mudar de mãos. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), fundada em 1955 e considerada um dos pilares industriais do grupo, entrou no radar da Emirates Global Aluminium (EGA), gigante do setor com sede nos Emirados Árabes Unidos.
Fontes próximas às negociações revelaram à Reuters que a EGA, controlada pelos fundos Mubadala e Investment Corporation of Dubai, está avaliando a aquisição da CBA com apoio do banco Morgan Stanley. Embora ainda não haja uma proposta oficial, o movimento sinaliza o interesse da EGA em expandir sua presença global por meio de ativos estratégicos. A CBA, que encerrou a última segunda-feira com valor de mercado estimado em US$ 487 milhões, representa uma oportunidade rara: uma operação verticalizada com acesso direto à bauxita, refino, fundição e produção de alumínio primário.
A companhia, no entanto, enfrenta um momento delicado. Após dois anos consecutivos de prejuízos — incluindo o pior desempenho financeiro de sua história recente em 2023 —, a CBA anunciou uma redução de capital de R$ 401 milhões para compensar perdas acumuladas e preparar terreno para uma nova fase de rentabilidade. A alavancagem financeira, próxima de três vezes o Ebitda, limita a capacidade de investimento em projetos como o ambicioso Projeto Rondon, que prevê a instalação de uma mina de bauxita nos estados do Maranhão e do Pará, com potencial de produção de até 18 milhões de toneladas por ano.
Para investidores estratégicos, o perfil da CBA é atrativo. “É uma estrutura completa, com integração total e acesso próprio à matéria-prima, o que fortalece qualquer posicionamento competitivo”, afirmou uma fonte envolvida na análise da operação.
Procurada, a EGA declarou que avalia constantemente oportunidades de crescimento, mas preferiu não comentar rumores de mercado. Já a CBA, o banco Morgan Stanley e o grupo Votorantim não se manifestaram sobre o assunto.
https://www.correiodointerior.com.br/cba-pode-ser-vendida-para-grupo-de-mubadala-de-dubai/?utm_source=terra_capa_noticias&utm_medium=referral